sábado, 27 de junho de 2009

Os Novos Baianos F.C.

Os Novos Baianos fizeram muito mais do que samba-rock. Despejaram um imenso leque de estilos tipicamente brasileiros, como o choro, o forró, o afoxé, cantigas, misturando tudo com Jimi Hendrix. Para isso contavam com um dos maiores guitarristas que esse país já produziu: Pepeu Gomes.
Muito antes dele e de Baby Consuelo virarem duas figuras caricatas nos anos 80, os dois foram parte fundamental dessa revolução na música brasileira.
“Acabou Chorare” é o maior legado dessa revolução, um disco extremante atual e prazeroso de se ouvir, após 36 anos ser lançado.

Poucos grupos brasileiros traduziram o Brasil como os Novos Baianos.
Formados inicialmente por quatro pessoas - Luiz Galvão (letras), Moraes Moreira (violão e voz), Paulinho Boca de Cantor (voz) e Baby Consuelo (voz), o grupo sempre teve inúmeros amigos e integrantes. Vale dizer que apenas Baby não era baiana de nascença, tendo nascido em Niterói (Rio de Janeiro).

A primeira reunião dessa malucada se deu em 1969, em Salvador. Durante os anos de chumbo da ditadura estavam mais vivos do que nunca, assim como a guitarra de Jimi Hendrix no hemisfério norte e a Tropicália, no Rio de Janeiro. Caetano Veloso acabara de lançar um disco revolucionário somente com seu nome, onde citava, pela primeira vez o nome de um outro grupo que faria furor, Os Mutantes. Assim era mais do que natural que alguém seguisse os passos e ampliasse o leque.

“[...] a intenção era juntar e fazer som... depois da pelada né...” (fala de Luiz Galvão durante o filme “Os Novos Baianos F.C.”)



Baixem o documentário "OS NOVOS BAIANOS F.C." (de Solano Ribeiro)

A poesia de Galvão, o principal letrista, era um tanto ousada para aqueles tantos. Dono de um lirismo singular, Galvão escrevia imagens impossíveis, intraduzíveis, lisérgicas.
“Não, não é uma estrada, é uma viagem
Não, não viva tanto a morte
Não tem sul nem norte
Nem passagem
Não olhe, ande
Olhe, olhe
O produto que há na bagagem
Necas de olhar pra trás
O quente com o veneno”
(A Bahia não pode parar)


Atualmente somente Morais Moreira tem produzido, junto com seu filho Davi Morais. Usando o famoso "pau-elétrico" (guitarra baiana) fazem misturas de frevo e rock.
Da muito certo.

Esta narração do documentário traduz bem o que foi Os novos Baianos, que durante a estadia naquela comunidade não se preocupavam com revoluções, políticas, nem Canudos, nem Comunismo, nem ditadura, só som:

“Chegou a hora dessa gente bronzeada mostrar seu valor viemos de uma geração vellha, cansada de guerra e crescemos sobre os fluidos da brincadeira de bandido e artista, tela e palco, somos de depois da guerra, nem a soma nem a diferença, somos depois de todos os papos, alguém do meio da rua, sem autorização nenhuma cumprindo a sua, resolvendo ao seu redor e por dentro[...] alguém tem que segurar a barra.”



Típico de baiano...

Um comentário:

Leandro Margoto disse...

Mais uma banda que tenho vergonha de só conhecer de nome. Quando o Velox voltar a ser veloz, vou baixar alguma coisa desses malucos.