quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

A primeira overdose a gente nunca esquece...


Dentre todas as vibrações mecânicas incididas no meu interior auricular, interpretadas ou não pelo meu cérebro, existe uma que parece conhecer os caminhos exatos dessa caverna de ossos cartilagens.
Quando capturado por uma agulha de fios de metal o som, gravado em sulcos hiperbólicos voa em ondas por toda a sala. Acumula-se por todos os cantos, e no meu ouvido toda essa babozeira começa fazer sentido.
Futucar os armários do papai sempre me foi uma descoberta, como todos aqueles discos. Todos aqueles desenhos, monstros, guitarras, roupas e uma disputa entre tamanhos de cabelo e bigode. Não sabia pronunciar metade daqueles nomes.
Montei tudo, não deixei faltar nada. E claro, aquele com o encarte mais bonito teve a honra de ter as teias de aranhas arrancadas primeiro.
Os martelos em fila, pessoas distorcidas e um "homem-bunda” enorme na contra capa me encantaram.
Sentei, e cada vez a música parecia aumentar sozinha, logo depois diminuía...
Espalhava-se por todos os cantos. Acariciava-me, depois me jogava da cadeira com um susto. Hora pesado, hora leve...
Mas sempre intenso. Muita tensão. Como uma guerra. Não sei porque, mas imaginava infinitos soldados marchando e cantarolando com suas posições verticais em armas.
Aviões, e pessoas falando no meio da música, eu já estava assustado, eufórico. Não devia ter apagado a luz...
Enfim, tudo parou, do nada. Uma voz de criança disse algo, não sei o que era, apenas que era bom. E todo aquele bem estar...
Não durou muito, eles começaram a gritar novamente, dessa vez eu tive medo...
É como se o helicóptero caísse ali, bem ao meu lado, e as balas passassem sobre a minha cabeça.
Depois o som das hélices foi abaixando e com elas as distorções... e eu como elas.
Estiquei os ouvidos, e procurei um barulho, um ruído... logo veio um que pude compreender mesmo que apenas uma palavra: “...mother...”.
Respirei profundamente...
Foi o meu primeiro porre de Pink Floyd.

3 comentários:

Leandro Margoto disse...

Eu me lembro quando, inocentemente, quis baixar umas músicas do Pink Floyd pra conhecer mais. Então, abri o Kazaa (fazem uns 4 anos), procurei por Pink Floyd, e achou uma música de nome grande, Confortably Numb. Achei o nome estranho, mas baixei mesmo assim. Quando eu ouvi AQUELE solo de guitarra, eu morri e nasci de novo.A partir daí, sempre que eu ia ouvir essa música, eu tinha que deitar no chão e fechar os olhos. Foi meu melhor orgasmo de Pink Floyd até hoje.

Anônimo disse...

tesão

Fillipe Tesch disse...

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